Uso dos celulares em sala de aula

Sempre fico com a “pulga atrás da orelha” em relação às anotações feitas em sala de aula. Ora os notebooks, atuais detentores do conhecimento do mundo via Internet, entram sutilmente nas escolas, como se quisessem aprender ainda mais; ora os celulares do tipo “telefones inteligentes” começam a registrar a coisa toda com fotografias…

Bom… tendo uma pequena noção do que são processos cognitivos e como estão relacionados à aprendizagem, torço o nariz e com um tanto de preguiça curiosidade fui pesquisar a respeito das tais anotações. Minha intuição dizia que as anotações feitas à mão envolvem mais processos cognitivos do que aquelas feitas por celulares (fotos), portanto seriam mais eficientes no que diz respeito aos processos de compreensão e aprendizagem. Inserindo algumas palavras-chave no Google Scholar encontrei o texto de Pam Muller (estudante em Princeton – lá com Will Smith e Carlton Banks) e Danny Oppeinheimer (professor na Universidade da Califórnia) cujo título, quase sutil, já nos fornece uma pista a respeito dessa polêmica pulga saltitante: “The Pen Is Mightier Than the Keyboard:  Advantages of Longhand Over Laptop Note Taking”, de 2014.

As referências contidas na introdução vão das críticas de acadêmicos à capacidade dos portáteis tirarem a atenção do que realmente importa nas salas de aulas a estudos que mostram a diferença no desempenho em responder questões conceituais entre estudantes que utilizam notebooks para anotações e estudantes que utilizam a velha e conhecida caneta. Outros estudos interessantes apontados pelos mesmos autores dizem que as anotações feitas em notebooks tendem a serem verbatins. Além disso, as anotações à mão tendem a ser mais sintéticas. Essas diferem daquelas sendo mais eficazes por serem submetidas a um maior processamento das informações (segundo estudos!!!). A tendência de acreditarmos que quanto mais anotações mais conteúdo teremos para estudar mostrou-se equivocada.

Por fim, o trabalho de Pam e Danny analisou em 3 situações as diferenças entre o uso de notebooks e papel e caneta para se tomar notas a respeito de 4 palestras. Nas 3 situações o uso de papel e caneta se mostrou estatisticamente melhor (e esse termo tem um peso científico enorme) para o processo de aprendizagem. Houveram avaliações imediatamente após a tomada de notas e também avaliações após uma semana. Resumidamente, ao assistirem a uma aula, anotarem a próprio punho, os aprendizes provavelmente processam mais a informação. Agora, imagine se esses aprendizes se detiverem a apenas fotografar a lousa, prestando menos atenção e não revisando essas anotações.

OBS importante: o uso de tecnologia na sala de aula pode trazer benefícios enormes aos processos de ensino e aprendizagem. Estamos falando APENAS do uso desses dispositivos para anotações.

►Para saber mais:

Acesso em 26 de Fevereiro de 2019

Comentários